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O ENCANTO DA ECONOMIA: DESIGUALDADE E LIBERDADE [2]

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

A Política tem a luta pela igualdade de direitos e pela justiça social como o charme mais atrativo, mas estimulante, mais interessante! O Estado, como aparelho institucional que estrutura a Política, se manifesta em Governos que tendem a provocar a redistribuição de bens e condições materiais para aqueles desprovidos de condições de vida consideradas minimamente adequadas. É a tentativa de diminuir as desigualdades sociais que são geradas na Economia.

O Encanto da Economia é exatamente a concorrência de mercado. Enquanto a Política é o ambiente próprio para luta pela igualdade, a Economia é a arena da concorrência e da desigualdade. A força da economia é a produção de riquezas e a concentração dos resultados. O Mercado é a permissão para a luta pela distinção material. Compramos coisas para a nossa vida que, antes mesmo de sua utilidade material, condiciona o status social.

A distinção entre cada um de nós se espalha para todos os lugares: carros, roupas, calçados, formação educacional... Enquanto na Política procuramos a igualdade diante de direitos e justiça, na Economia lutamos para nos diferenciar uns dos outros. E não adiantaria qualquer tentativa de a Política “colonizar” a Economia ou a Economia “privatizar” a Política. Cada um dos sistemas se porta de acordo com sua natureza de existência e não poderia se deixar controlar pela essência de existência de natureza estranha. Cada um deles se faz pela sua “genética” inescapável.

Cada sistema alimenta o outro pela diferenciação; não são destrutivos, posto que se complementam, por óbvio, pela diferença. Nenhum deles permite a extensão infinita do outro a ponto de se anular. As imensas dificuldades dos Estados ditos Socialistas [alguns são nitidamente Capitalismo de Estado] se fundamentam na impossibilidade de o Sistema Político se impor como determinador da Economia. O aparelhamento político da Economia, ou a Politização da Economia é como misturar água e óleo: por suas naturezas de existências distintas não se confundem.

O fenômeno mais importante da Política é tentar compensar as desigualdades existentes e provocadas pela Economia. Ao mesmo tempo é a Economia que dinamiza as riquezas materiais que permitem a vida da Política e seus aparelhos: impostos, taxas, contribuições são justificados por tal finalidade. É curioso imaginar que os mesmos indivíduos que empinam bandeiras pela igualdade política [com toda legitimidade] são os mesmos indivíduos que na Economia prescrevem e atuam estimulados pela desigualdade e distinção social. Não que possam desejar o mau dos outros, mas que ali podem lutar pelo seu próprio sucesso.

Cada um poderá justificar suas condutas políticas pela busca do bem social e manifestar sua distinção social e material pela condição de acumulação individual legítima. E aceitaremos as duas posições desse mesmo indivíduo. Cada justificativa encontra seu suporte nas condições de “vida” de cada um dos sistemas.

A sociedade é formada por sistemas articulados, delimitados pela função que estabelecem na própria sociedade, funcionalmente diferenciada, com modos de operação próprios. Cada sistema da sociedade tem vida própria com funcionalidade exclusiva [A Economia não pode substituir a vida da Política, embora vá influenciá-la], sempre interdependentes.

O encanto da Economia é a aceitação da desigualdade como motivação!

 

Sugestão de Trilha Sonora: MRS. ROBINSON

Artista: SIMON & GARFUNKEL

Autor: PAUL SIMON

Álbum: BOOKENDS

Ano de Lançamento: 1968

Crédito de Imagem: PINTEREST



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