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O PÃO QUE ALIMENTA O VOTO

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

Olhando para trás podemos observar como os candidatos se colocam no processo eleitoral. Nos idos de 1989, Fernando Collor de Mello se apresentou como o caçador de marajás [linha política e moral] e como um jovem cheio de energia e modernizador [aspectos pessoais]. Tudo isso era usado como plataforma contra as características de um presidente envelhecido, incapaz de atualizar a política e banhado de fatos de corrupção [José Sarney]. Collor caiu em 1992.

Pouco depois, Itamar Franco assume um processo de transição com a meta de garantir estabilidade econômica ao país. Nasce ali o Plano Real [13º Plano Econômico] pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso, que assume a Presidência em 1995. Passo seguinte foi garantir estabilidade política cujas marcas principais estavam na reeleição e na Lei de Responsabilidade Fiscal. Só tolos podem imaginar que isso corresponderia ao comunismo em qualquer vertente. Não vamos falar sobre tolices.

Um país de terceiro mundo com estabilidade econômica e política é fato raro na história política, posto que isso é coisa de primeiro mundo. E por esta razão, ainda incapaz de colocar a música política e dançar a valsa da estabilidade, redescobrimos a necessidade de agir com diplomacia [fenômeno caro a todos nós, hoje].

Fernando Henrique se elegeu diante de cenário de estabilidade e prosperidade. Mas isso ainda era pouco. Em 2002 a população votou em Lula, um candidato carismático e popular, com atitudes próximas do cidadão comum e, por isso, capaz de sentir seus sentimentos [empatia, coisa quase impossível em FHC]. Foi o período da inclusão social e de redistribuição de renda. Mas o poder envaidece e corrompe.

Findado o período Lula, começamos a reviver os desastres e deslizamentos do areal político. Os presidentes seguintes não conseguiram emplacar nenhuma segurança à população e reiniciamos uma luta rasteira do menos ruim, de que o concorrente é pior do que eu e por isso “eu sou melhor”. Agora João Dória se alimenta das fraquezas de Bolsonaro, o qual tenta imputar à Dória o alvo que o PT lhe serviu em 2018 – maniqueísmo do bem contra o mal.

Até agora não encontramos rumos precisos, metas bem planejadas e organizações para agir de forma eficiente. E ainda continuamos a escrever tolices, falar bobagens e defender ignorâncias. É comum observar políticos com intenções vaidosas, que se consideram em certo grau de superioridade e que dizem saber o que estão fazendo hoje, mas não têm a mínima ideia de aonde chegarão. Depois de eleitos os políticos acreditam estar acima na escala de superioridade e esquecem-se de planejamento e organização. Não sabem mais quais os objetivos. Só tem vontades, pessoais: “eu quero que...”, “eu não quero desse jeito...”

As eleições são feitas pelo contraste da concorrência considerando-se as identidades/imagens dos candidatos. Os desejos pessoais e as vaidades alucinantes, associadas aos vassalos de todo tempo que tentam interpretar as vontades do “rei” e não as metas públicas, se tornam o caminho próprio para o desastre. Numa administração pública, a política cai no lixão venenoso da “esquerda” e da “direita”. Tão pobres de espírito político que se Jesus descesse ao Brasil muito provavelmente seria considerado comunista. A “salvação” política merece autocrítica intensa!

 

Sugestão de Trilha Sonora: SOLDADOS

Artista: LEGIÃO URBANA

Álbum: LEGIÃO URBANA

Data de Lançamento: 1985

Crédito de Imagem: Pinterest



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