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POLÍTICA DE SIMPLICIDADE

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Depois de incêndios e labaredas durante o processo eleitoral, com amizades abaladas e convites cancelados para festas de colegas, os resultados dão por finalizadas as angústias de derrotas e as ansiedades de vitórias. Dia após dia as relações sociais já se realizam em outro tempo social e político. Não há mais a disputa e a concorrência postadas nos votos dos eleitores. Agora é olhar para o amanhã e se posicionar diante das circunstâncias e fatos.

Todavia, um elemento importante foi selado nos últimos eventos: a simplicidade contra o requintado; a autenticidade dos dias contra os especializados arranjos teóricos. Até mesmo os filósofos se tornaram populares quando impulsionaram a amizade e o amor pelo saber [filo-sofia] ao cotidiano das pessoas em suas esquinas da vida. Tal como os programas de gastronomia colocaram para as pessoas a esfinge de ser autor de sua própria vida alimentando a afirmação de que você pode ser o autor das coisas que julga necessitar.

A simplicidade da política foi exposta durante a campanha eleitoral e seus perfis. Para todos aqueles que construíram suas ferramentas com apuro e sofisticação, marcada na qualificação técnica de marketing eleitoral e nos enredos cinematográficos, os resultados foram, de forma geral, negativos. E isso porque tal é a maneira da “Fadiga Política” que range suas engrenagens pelo desajuste dos componentes. Os eleitores não acreditam mais no político de “fala bonita”, nas frases que não consistem com os atos de governo.

Desde o início, por necessidade ou por estratégia, a relação direta e simples, autêntica e realista, formou o campo de apreciação dos eleitores. Os planos de governo bem elaborados, as propagandas “fora do ordinário” em rádio e TV, a forma “escorregadia” de se portar diante de críticas, a necessária revisão de ideias e mudança de posição, as desculpas solicitadas com olhar altivo, destacaram os limites entre a “velha política” e a “política de enfrentamento”. Enquanto se acusava de nazismo e fascismo [conceitos ainda especializados de áreas do conhecimento científico], as respostas diretas e “sagradas” nas experiências das pessoas se tornaram as respostas mais eficientes.

Acrescente-se o conteúdo e a forma das entrevistas de redes de TV e rádio “lotadas” de especializações econômicas, de qualificados conceitos originários da sociologia política, e dos vislumbres das soluções firmadas em políticas sociais, todos com termos “distantes” dos pés dos eleitores, colocou os jornalistas especializados no fronte da “Fadiga Política”. Não é à toa que o principal meio foi também o mais simples e imediatista: mensagens instantâneas de WhatsApp. Quanto aos debates eleitores, tão vazios às reivindicações de futuro, só serviram para “desacreditar candidatos e candidaturas”.

As campanhas eleitorais e a política, requerem os eleitores, serão mais simples em seus enunciados, em suas “vestimentas”, em seus componentes relacionais. Embora requisitem um conjunto de compreensões bem elaboradas para se chegar a esses resultados, os encantos e magias dos especialistas em marketing que “vendem” candidatos como “pacotes de bolachas em prateleiras de supermercados” ficarão adormecidos. A política agora tem cara, olhos, voz, semblantes próprios dos novos tempos. A “Política de Enfrentamento” está baseada em atos com concretude cotidiana, colocando de lado os que criam mundos próprios para caber suas verdades e suas críticas. O eleitor não é um apreciador de arquibancada que confronta o árbitro; passou a ser quem define o juiz do jogo – juiz que tem “mãe”! [por assim dizer].

 

 

Crédito da imagem: google imagens - nação brasileira



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