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TUDO SE PERDE, NADA SE TRANSFORMA.

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Dias a mais, dias a menos e continuamos num cenário de desesperança. E o que parece retirar de nós o ânimo e preencher os espaços com desestímulos é a própria condição de que nada parece ser politicamente honesto.

Mais um período e o que surge são as “estratégias” de políticos para se manter no poder a despeito do que somos [clientes de Estado que pagam impostos e reclamam por serviços] e do que queremos [sermos cidadãos e considerados nas decisões para nós e sobre nós]. A especulada “Reforma Política” não surge no horizonte; a necessária “Reforma Eleitoral” passa por disfarces fantasiada de mudança onde nada acontece. O que temos, não são reformas nem interesse na democracia e na cidadania. Temos uma “Mexida Eleitoral” que não leva em conta nossas vontades e nossos interesses. Historicamente isso tem nos custado muito caro em termos de cidadania.

Os partidos políticos há muito têm financiamento público: o fundo partidário tem como fonte dinheiro público. Recursos cuja origem está nos impostos que pagamos quando compramos combustível para abastecer carros, caminhões e motos. É como se quando você fosse pagar a gasolina com a qual abasteceu seu automóvel, uma parte fosse destinada para uma conta bancária chamada “Fundo para Custear Partidos Políticos”. Alguns logo se levantarão e dirão que a Democracia custa dinheiro. No nosso caso é a política que custa caro, e não a democracia.

Não é seguro que dinheiro público seja colocado nas mãos de organizações privadas, como são os partidos políticos. Se a política precisa ser custeada, e se isso deve seguir o desfecho da democracia, não estamos em condições de dizer aos partidos políticos que usem o nosso dinheiro para fazer seu custeio. Seria importante que houvesse um gestor público para pagar essas contas, porque não é confiável que os partidos contratem “gráficas” com nosso dinheiro. Esse dinheiro não pode ser usado como se fosse privado em origem e finalidade.

“Está mais na cara do que nariz” que a vida política dos políticos não chega em nossa casa com boas notícias e isso alimenta nossa cultura política de afastamento entre o que seriam os “representantes” e os “representados”. E insistimos em corromper “leis” que poderiam nos fundamentar o espírito de esperança política. Não estamos dispostos a confiar nas mudanças ou mexidas eleitorais. Partidos não podem ser os donos dos recursos. Se há necessidade de financiamento público de campanhas eleitorais e de partidos políticos [ainda que persistam os financiamentos privados, pois somente os “desatentos” imaginariam que o “mercado” não atua no meio], que o pagamento seja realizado por agências públicas dos tribunais eleitorais.

Se o financiamento é ´público que o controle seja tão rigoroso como os impostos que temos que pagar e não podemos deixar de fazê-lo. Os partidos políticos que financiamos, a democracia que pagamos e os serviços públicos que queremos não serão resolvidos com o grau de desconfiança que apresentamos hoje.

Nariz, orelhas e bocas estão muito mais atentos hoje, mais sensíveis. Porém, desacreditados no amanhã político, porque, por mais que transformemos as coisas políticas, parece que o pouco resta se perde ou está se perdendo. E quanto menos acreditamos, mais nos afastamos. Há uma cordilheira entre políticos e cidadania. E quando fizemos túneis, a luz que encontramos não são confiáveis. Pode ser o trem!

 

 

Imagem: Crédito desconhecido/google.



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